
Nem mesmo os protestos convenceram os parlamentares da base de apoio ao prefeito a mudar de ideia. Durante a discussão da matéria, cabeça baixa e silêncio. Flávio Vicente (PSDB), Mário Hossokawa (PMDB), Belino Bravin (PP), Zebrão (PP), Heine Macieira (PP), Paulo Soni (PSB), Carlos Sabóia (PMN), Marcia Socreppa (PSDB), Wellington Andrade (PRP) e Luiz do Postinho (PRP) votaram a favor, mas não usaram a tribuna para defender o projeto.
Já Humberto Henrique (PT), Marly Martin (PPL), Manoel Sobrinho (PC do B) e Mario Verri (PT) votaram contra e argumentaram seus motivos para as pessoas presentes no plenário. “Se o projeto é tão bom como dizem, porque nenhum vereador da base do prefeito vem aqui na tribuna defender?”, questionou Humberto.
Vai queimar lixo reciclável
Pelo projeto, fica permitida a realização de uma parceria público-privada com duração de 30 anos, prorrogável por mais cinco. Na mensagem enviada pelo prefeito, ele próprio afirma que a sua administração tem como base o processo de manifestação de interesse, procedimento que resultou na proposta de instalação da usina para queimar o lixo.
De acordo com o processo de manifestação de interesse, o projeto da usina para queimar o lixo terá que operar com mais de 250 toneladas diárias. Considerando que a produção de lixo em Maringá é de cerca de 300 toneladas, o documento confirma que a prefeitura deverá queimar, inclusive, lixo reciclável.
Outro que aponta para a queima de recicláveis é o estudo encomendado pela prefeitura e inserido na proposta de Plano Municipal de Saneamento Básico. O documento revela que a viabilidade da usina que queima o lixo depende de plásticos e papéis e confirma que o empreendimento é um emissor de toxinas que exige um controle altamente especializado, além de envolver altos custos para sua implantação.
Gera toxinas e cinzas poluentes
Humberto Henrique também questiona a pressa da administração para aprovação do projeto sem mesmo ter obtido as licenças ambientais. Em entrevista para a Rádio CBN, na semana passada, o secretário municipal do Meio Ambiente confessou que a prefeitura não conseguiu autorização para usar as cinzas, cerca de 25% de tudo que for queimado, na produção de tijolos ou misturado em massa asfáltica.
A utilização destas cinzas era uma alternativa adotada a partir da década de 70, mas testes constataram a contaminação de lençóis freáticos, rios e mananciais. “Ali encontram-se metais pesados misturados à toda sorte de produtos químicos oriundos da incineração”, explicam pesquisadores da Fundação France Libertés.
Envolver a população é solução
Em contrapartida, Humberto Henrique defende que a prefeitura obedeça a Lei Federal que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos para que aconteça no município a separação dos resíduos na fonte, permitindo o aproveitamento, reciclagem e a destinação ambientalmente correta.
“Se a prefeitura realizar um trabalho sério de educação ambiental, envolvendo a população, teremos apenas cerca de 15% de demais rejeitos que precisam de uma destinação final. São os materiais que de fato não tem como reciclar ou reaproveitar. Pela quantidade de lixo produzida em Maringá, se acontecer este trabalho, uma usina de incineração não é viável. Isso comprova que o plano da prefeitura é queimar também o lixo reciclável. Isso é um pecado. É um crime queimar lixo reciclável”, critica.
Com o resultado da votação de hoje, agora o projeto segue para sanção do prefeito. Enquanto isso, autoridades e entidades contrárias à instalação de uma usina para queimar o lixo afirmam que vão continuar realizando protestos e ações para impedir que a proposta da administração municipal se concretize.
Gelinton Batista / Assessoria de Imprensa
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