
- Pela primeira vez o Brasil se vê diante da oportunidade real de se tornar uma nação desenvolvida. Uma nação com a marca inerente da cultura e do estilo brasileiros - o amor, a generosidade, a criatividade e a tolerância. Uma nação em que a preservação das reservas naturais e das suas imensas florestas, associada à rica biodiversidade e à matriz energética mais limpa do mundo, permite um projeto inédito de país desenvolvido com forte componente ambiental - afirmou.
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Pronunciamento à nação
Discurso na cerimônia de posse
A nova presidente foi interrompida por palmas pela primeira vez apenas um minuto depois de iniciar seu pronunciamento, ao lembrar que este primeiro de janeiro de 2011 marca a primeira vez em que a faixa presidencial será colocada sobre o ombro de uma mulher. Ela disse sentir uma "imensa honra" por haver sido escolhida para essa tarefa pelo povo brasileiro e afirmou esperar que "muitas outras mulheres" também possam, no futuro, seguir o caminho aberto por ela.
Dilma demonstrou seu reconhecimento ao presidente Luis Inácio Lula da Silva, que a seu ver levou o povo brasileiro a "confiar ainda mais no futuro do país", e ao vice-presidente José Alencar, "um exemplo de coragem e amor à vida". A maior homenagem que poderia prestar a ambos, afirmou a presidente, seria a de ampliar as conquistas celebradas durante os oito anos de mandato de Lula e Alencar.
Nesse momento, ela passou a defender a aprovação das reformas política e tributária. Para consolidar a "jovem democracia" brasileira, receitou, será necessário fortalecer os partidos e aperfeiçoar as instituições, "restaurando valores e dando mais transparência" à vida política. Para facilitar a produção e estimular a capacidade empreendedora dos brasileiros, recomendou, será preciso modernizar e simplificar o sistema tributário.
Luta contra a pobreza
Dilma reconheceu a "expressiva mobilidade social" registrada durante os dois mandatos de Lula, mas lembrou que ainda existe pobreza a "envergonhar nosso país e impedir nossa afirmação como povo desenvolvido". Por isso, prometeu não descansar enquanto houver brasileiros sem alimentos à mesa.

- A luta mais obstinada de meu governo será pela erradicação da pobreza extrema e pela criação de oportunidades para todos - afirmou Dilma, sob aplausos do plenário.
A superação da miséria, recordou a presidente, exige um longo ciclo de crescimento sustentado da economia, associado a programas sociais destinados a reduzir a desigualdade social e a promover o desenvolvimento regional. Tudo isso, recordou, sem permitir que a inflação "volte a corroer nosso tecido econômico e a castigar as famílias mais pobres". Ela anunciou ainda a intenção de melhorar a qualidade do gasto público.
Ao lado da erradicação da miséria, enumerou a presidente, o novo governo incluirá entre suas prioridades a luta pela qualidade da educação, da saúde e da segurança. Ela anunciou o aumento de vagas na educação infantil e no ensino médio, além da ampliação para o ensino médio profissionalizante do ProUni, que atualmente concede bolsas a estudantes carentes em instituições privadas de ensino superior. Informou ainda que pretende consolidar o Sistema Único de Saúde e empenhar-se no "combate sem tréguas" ao crime organizado.
A presidente anunciou que continuará aprofundando o relacionamento com os demais países sul-americanos, com os "irmãos da América Latina e do Caribe, com nossos irmãos africanos e com os povos do Oriente Médio e dos países asiáticos". Além disso, ressaltou, o Brasil preservará e aprofundará o relacionamento com os Estados Unidos e a União Europeia. A presidente reiterou ainda a decisão brasileira de associar seu desenvolvimento ao da América do Sul.
- Podemos transformar nossa região em componente essencial do mundo multipolar que se anuncia, dando consistência cada vez maior ao Mercosul e à Unasul - afirmou.
Marcos Magalhães / Agência Senado