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Confira o texto da estudante de psicologia, Tayná Wienne A. Tomás, sobre o veto do prefeito ao feriado municipal do Dia da Consciência Negra Penso que é óbvia a necessidade da aprovação do feriado do 20 de Novembro, sua relevância histórica e contemporânea.

Então qual seria a razão para tanta agressividade de alguns, descaso de outros e contrariedade de muitos?

A questão é: como esperar que quem nunca calçou o sapato saiba onde aperta o calo? Como esperar que uma classe dominante e/ou ignorante entenda a crueldade da exclusão e discriminação?

Como esperar que uma pessoa que nunca foi parada em uma blitz, entenda o quão indignante é ser parado pela décima vez pela cor suspeita de sua pele?
Ou pedir que entenda o sentimento de humilhação que inunda o coração do jovem negro que por não ser considerado de boa aparência, não conseguiu a tão esperada vaga de emprego, outra vez.

Esperar que imagine o sentimento de fracasso e injustiça presente na porcentagem gritante de negros encarcerados por um sistema judiciário racista, seria como pedir para que essa pessoa se colocasse pura e inteiramente no lugar do outro, na situação do outro, situação que só conhece de ouvir falar.

A apelativa do Diário de ontem acerca do prejuízo financeiro do feriado foi no mínimo insultante. Muitos números foram levantados. Eu consigo pensar em outros números, números um pouco diferentes.

Eu penso no número de chibatadas que rasgavam a carne dos escravos negros. Penso no número de crianças negras arrancadas de suas mães. No número de seres humanos vendidos como mercadoria. No número de dialetos e costumes perdidos através do extermínio da cultura negra. No número de alunos negros calados no fundo das salas. No número de negros e negras de auto-estima destruída pela caracterização pejorativa constante da sociedade.

O preconceito é um retrocesso intelectual, esperamos que nosso prefeito não esteja disposto a retroceder e vetar o feriado 20 de novembro, e se acontecer que nossos vereadores tenham a coragem necessária para derrubar esse veto. Indo a favor do óbvio, e do que eles mesmos anteriormente já mostraram achar correto.

Como sabiamente disse Paulo Autran: "Todo preconceito é fruto da burrice, da ignorância, e qualquer atividade cultural contra preconceitos é válida”.



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