Na maior economia do país igualdade racial não é tratada como prejuízo
Segundo o próprio autor da análise, o método utilizado é o da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, no entanto, a participação desse setor na estrutura produtiva de Maringá é estimada em apenas 10%.
“Na verdade, esta desculpa de prejuízo é mais uma afronta contra a dignidade dos negros e o que eles representam, já que a divida com os afro-descendentes não dá para mensurar em valores monetários”, avalia Henrique.
Tomando como base os números divulgados e os dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES) sobre o PIB maringaense, o estudo considera a existência de apenas 200 dias de trabalho por ano. Mas, na realidade local este número passa de 300 dias trabalhados.
“Esse não é um cálculo simples. Não dá para afirmar que o simples fato de ter um feriado traz prejuízo, pois outros seguimentos econômicos, como o turismo, continuam gerando riqueza, e as pessoas podem antecipar ou postergar suas compras para outro dia que não é feriado”, explica o vereador.
O projeto de lei 10.952/2008 foi aprovado no início de fevereiro e recebeu um único voto contrário. Humberto Henrique acredita que o prefeito vai sancionar o projeto. Caso a decisão do chefe do Executivo contrarie a vontade da sociedade a Câmara derrubará o veto, estima o vereador.
São Paulo
Na cidade de São Paulo, considerada capital financeira do país e com um PIB 50 vezes maior que o de Maringá, o Dia da Consciência Negra é feriado desde 2004.
“A BOVESPA, que fica em São Paulo, movimentou mais de R$ 5 bilhões por dia no ano passado e no dia do feriado da igualdade racial ela fecha, a cidade não quebrou por isso”, destaca. O vereador também revela que a movimentação diária da BOVESPA corresponde ao PIB anual de Maringá.
O mesmo feriado também já é lei em cerca de 400 cidades brasileiras, segundo levantamento da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
Favorável
Diferente da opinião de algumas entidades comerciais da cidade, várias organizações têm manifestado apoio ao feriado. Para o Núcleo de Estudos Interdisciplinares Afro-Brasileiros da UEM (NEIAB-UEM), o feriado “representa o reconhecimento oficial à memória e demais direitos de cidadania da população negra e de todos os cidadãos”.
Com relação ao projeto de lei do Executivo instituindo o Festival Afro-Brasileiro, incluído em regime de urgência e aprovado na sessão de ontem (10) da Câmara, Humberto Henrique esclarece que essa idéia jamais substituirá o significado e a contribuição do feriado para a sociedade.
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