Projeto foi aprovado em segunda votação pela Câmara de vereadores; a partir deste ano, a cidade vai comemorar o dia 20 de novembro em prol da igualdade racial Cerca de 400 cidades em todo o país já comemoram o dia 20 de novembro como feriado em comemoração ao Dia da Consciência Negra. Na noite de hoje (5) foi a vez de Maringá aprovar a data como feriado municipal e se tornar pioneira dessa iniciativa no estado do Paraná.

O projeto foi proposto pelo vereador Humberto Henrique (PT) e recebeu também a assinatura dos edis Belino Bravin e Aparecido Domingues, ambos do PP, e do então vereador Francisco Caiana (PTB). Nos próximos dias o projeto deve ser sancionado pelo prefeito.

Em defesa do projeto, o vereador Humberto Henrique acrescentou a informação de que segundo a Revista Africafé, em Maringá a população afro-descendente passa de 80 mil pessoas.

Com relação a preocupação do comércio com mais um feriado, o vereador tranqüilizou os demais pares explicando que até em São Paulo, a quarta maior cidade do mundo, o dia 20 de novembro é feriado municipal.

Henrique também utilizou os feriados do Japão, uma das maiores potências econômicas do mundo, para garantir que com o novo feriado municipal não haverá prejuízos econômicos para cidade.

“No Japão existem 15 feriados nacionais enquanto no Brasil há 12. Além disso, no Japão, se o feriado coincide com o domingo, os japoneses comemoram na segunda-feira”, explicou.

O objetivo do feriado, mais do que a questão da folga ou não do trabalho e da escola, é uma forma de debater a igualdade racial. Em todo o país a data é marcada pela promoção de fóruns, debates e atividades culturais sobre o tema e, em janeiro de 2003, o presidente Lula aprovou Lei incluindo a data no calendário escolar.

Um levantamento da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, do Governo Federal, aponta que no Rio de Janeiro, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul o feriado abrange todas as cidades do estado.

Assessoria de Imprensa do Vereador Humberto Henrique

Box: Quantidade de cidades por estado em que o dia 20 de novembro é feriado:

Alagoas - 3
Amazonas - 1
Bahia - 1
Ceará - 1
Goiás -3
Minas Gerais - 5
Mato Grosso - 141
Mato Grosso do Sul - 77
Pará - 3
Paraíba - 2
Pernambuco - 1
Rio de Janeiro - 92
Rondônia - 1
Rio Grande do Sul - 2
Santa Catarina - 1
Sergipe - 2
São Paulo - 97
Tocantins - 1


História

Antes, a questão da igualdade racial era discutida no dia 13 de maio, data do aniversário da assinatura da Lei Áurea pela então princesa Isabel que libertou os escravos em 1888.

Vale a pena lembrar que o Brasil foi um dos últimos países no mundo a abolir a escravidão. Já o dia 20 de novembro relembra a morte de Zumbi dos Palmares, que aconteceu muito antes, em 1695. Para o movimento negro e historiadores do assunto, o assassinato é muito mais emblemático que uma lei adotada quando o regime escravocrata já estava falido.

Zumbi foi um dos principais líderes do Quilombo do Palmares, em Alagoas, uma das áreas usadas pelos escravos quando fugiam do domínio dos senhores de engenho.

As primeiras referências à Palmares são de 1580, na região da Serra da Barriga, onde hoje fica a divisa entre Alagoas e Pernambuco. Há estimativas de que o quilombo durou mais de 100 anos.

O líder do Quilombo dos Palmares no final do século 15 era Ganga Zumba, tio de Zumbi. Em 1678, o governador da Capitania de Pernambuco ofereceu um acordo de paz a Ganga Zumba, que aceitou, mas nem todos concordaram. Aconteceu, então, uma rebelião, liderada por Zumbi, que governou o grupo por 15 anos.

Foram necessárias 18 expedições do governo português, liderados por bandeirantes, para erradicar Palmares. Zumbi adotou uma estratégia de defesa baseada em táticas de guerrilha. Finalmente, os bandeirantes descobriram, através de um delator, o esconderijo de Zumbi. Em 20 de novembro de 1695, eles mataram Zumbi em uma emboscada. Sem outra liderança, Palmares sobreviveu até 1710, quando se desfez.

Hoje os quilombolas, nome dado atualmente aos descendentes dos moradores dos antigos quilombolos, são reconhecidos e suas áreas são demarcadas. Assim, ajudam manter a tradição e a cultura negra.

Fonte:  Portal UOL (http://pessoas.hsw.uol.com.br/consciencia-negra.htm)