Requerimentos solicitando documentação sobre irregularidades denunciadas pelo prefeito são rejeitados em votação na Câmara Municipal de Maringá Na primeira sessão após o recesso parlamentar do mês de julho, a Câmara Municipal de Maringá apreciou dois requerimentos solicitando o envio de documentos sobre as irregularidades denunciadas pelo prefeito municipal em entrevista à imprensa. Contrariando o que é obrigação do vereador, os dois requerimentos foram rejeitados pela maioria dos presentes. Foram oito votos contra quatro.

O primeiro requerimento, de autoria do vereador Humberto Henrique (PT), também assinado pelos vereadores Mario Verri (PT) e Marly Martin Silva (DEM), solicitava o envio de cópia das irregularidades em administração anteriores, conforme declaração do prefeito, na imprensa, afirmando ter "coisas guardadas, investigadas e comprovadas contra a oposição". De autoria da vereadora Marly Matin, partilhada com os vereadores Humberto Henrique e Mario Verri, o segundo requerimento solicitava dados sobre as irregularidades denunciadas pelo atual prefeito em sua própria gestão.

Nas duas votações, votaram favoráveis ao recebimento da documentação apenas Humberto Henrique, Mario Verri, Marly e Norma Deffune. Humberto Henrique lembrou que guardar provas de irregularidades é crime de prevaricação e afirmou que a declaração do prefeito foi infeliz, além de tratar-se de chantagem. A vereadora Norma Deffune, ex-secretária de Educação da atual administração, afirmou que chegou até a pedir o cancelamento de licitações, porém nunca conseguiu ter acesso aos relatórios da secretária do Controle Interno. "Arrumei inimigos na prefeitura, pois são pessoas importantes que comandam isso", explicou fazendo referência às conseqüências que sofreu por cancelar processos licitatórios de sua pasta.

Durante o processo de votação dos requerimentos, os quatro vereadores favoráveis a investigação pela Câmara usaram da fala para justificar que é função dos vereadores cuidar do dinheiro público. Alguns vereadores da situação até se inscreveram para falar, mas declinaram. Humberto Henrique lembrou que outro requerimento aprovado pela Câmara solicitando cópia dos relatórios das investigações da ONG Observatório Social, a qual afirma ter proporcionado uma economia de mais de R$ 4 milhões à prefeitura com a identificação de fraudes em licitações, já tem quase 90 dias e ainda não foi entregue pela entidade.

Para o vereador Humberto Henrique, se os relatórios já tivessem sido entregues, a própria Câmara ou a entidade teriam feito as denúncias que o prefeito apresentou para a imprensa. "Neste caso ele apenas antecipou algo que já era previsto para acontecer, o que não isenta sua responsabilidade no processo, uma vez que o prefeito é o ordenador da despesa, ou seja, quem aprova e paga", explicou Humberto Henrique.