Pesquisa revela expectativas dos eleitores sobre a reforma política. Maioria dos entrevistados é contra o voto obrigatório e quer mudança na forma de eleger o suplente de senador Uma pesquisa de opinião pública do DataSenado sobre as mudanças que os brasileiros esperam nas áreas política e eleitoral apurou que, para 49% dos entrevistados, as campanhas eleitorais devem receber apenas contribuições do setor privado, contra 31% favoráveis ao financiamento público. O financiamento misto tem apoio de 13% e 7% não quiseram ou não souberam responder à questão.

A pesquisa foi promovida por telefone junto a 1.094 eleitores das 27 capitais do país, entre 21 e 28 de maio deste ano.

Confirmando tendência já registrada em outras pesquisas de opinião a respeito do tema, o levantamento do DataSenado demonstra que a maior parte dos entrevistados questiona a obrigatoriedade do voto. Para 61% dos entrevistados, a obrigatoriedade de comparecer às urnas é negativa e não gera comprometimento do eleitor. Já para 36% o voto obrigatório é melhor para o país.

A rejeição à obrigatoriedade do voto aumenta na medida em que cresce o nível de escolaridade dos eleitores. Mais de 70% das pessoas que concluíram o ensino superior são desfavoráveis ao voto obrigatório. Para 57% dos entrevistados, as eleições deveriam ser realizadas de forma unificada apenas de quatro em quatro anos.

O levantamento mostra que 72% dos entrevistados defendem o mandato de quatro anos para presidente da República, governadores e prefeitos. Desse total, 42% acreditam que os ocupantes de cargos executivos devem ter direito à reeleição. Para 30%, o mandato deve ser de quatro anos, sem direito à reeleição. Outros 15% acham que o mandato deve aumentar para cinco anos, sem direito à reeleição. E 11% preferem que o mandato aumente para seis anos, sem previsão de reeleição.

A pesquisa também revelou a rejeição da maioria dos eleitores pelo atual modelo para escolha de suplentes de senador. Atualmente, quando um senador é eleito, os dois suplentes do parlamentar são eleitos com ele por estarem inscritos na mesma chapa. Para 72% dos entrevistados, os suplentes devem ser votados separadamente. O índice de opiniões favoráveis à mudança do sistema de escolha do suplente cresce na medida em que aumenta o nível de escolaridade, subindo de 64% para 81% dos eleitores com ensino fundamental e pós-graduação, respectivamente.

Fidelidade partidária
Para 61% dos eleitores ouvidos sobre o tema, os parlamentares devem ser obrigados a ficar pelo menos três anos no partido pelo qual se elegeram. Outros 29% entendem que o político devolva o cargo para a legenda pela qual se elegeu, caso queira trocar de partido. Apenas 7% acham que os parlamentares podem continuar trocando de partido quantas vezes quiserem. Os eleitores que ganham até dois salários mínimos são os que mais defendem a fidelidade partidária. Para 65% desse grupo, os parlamentares devem ficar pelo menos três anos no mesmo partido. Quanto ao gênero, as mulheres são as que mais defendem a fidelidade partidária – 68% das mulheres contra 53% dos homens ouvidos são favoráveis à permanência dos parlamentares na mesma legenda durante três anos.

Para 61% dos entrevistados, os sigilos bancário e fiscal não deveriam vigorar para ocupantes de cargos eletivos, contra 35% que defendem o sigilo para a classe política. Atualmente, a legislação brasileira assegura os sigilos bancário e fiscal a todos os cidadãos, sendo que a sua quebra só pode ser realizada por meio de decisão judicial.

Convidados a falar sobre o sistema de governo, os eleitores mostraram-se favoráveis a mudanças, mesmo com a população tendo optado pelo presidencialismo no plebiscito de 1993.

Na pesquisa do DataSenado, 56% dos entrevistados mostraram-se favoráveis a uma revisão do sistema de governo "envolvendo o parlamentarismo e o presidencialismo", contra 23% que são contra a revisão do sistema e 14% que se mostraram indiferentes ao tema.


Fonte: Jornal do Senado