As técnicas utilizadas para queimar o lixo urbano geram, além de gases perigosos à saúde, cinzas altamente tóxicas que exigem um aterramento especializado. O problema, um velho conhecido dos ambientalistas e estudiosos do assunto, foi confirmado pela Prefeitura de Maringá, em entrevista para a Rádio CBN.

adesivo forum do lixo

Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, a Prefeitura “não conseguiu autorização para usar essas cinzas em outras obras como produção de tijolos ou subleito para camada de asfalto”, caso consiga construir uma usina na cidade para queimar o lixo.

Segundo artigo publicado no site Incinerador Não, 25% do lixo queimado resulta em cinzas. A utilização desse material misturado ao asfalto era uma alternativa adotada a partir da década de 70, mas testes constataram a contaminação de  lençóis freáticos, rios e mananciais.

“Ali encontram-se metais pesados misturados à toda sorte de produtos químicos oriundos da incineração. Essa cinza é muito química para ser descartada em aterros sanitários, comprometendo a saúde daqueles que moram próximo, mas também a fauna e as águas do subsolo (os lençóis freáticos)”, explicam os pesquisadores.

Os dados constam de uma síntese de estudos conduzidos pela Fundação France Libertés sobre a questão dos impactos sociais, ecológicos e econômicos da incineração de resíduos sólidos.

Autoridades e ambientalistas dizem não
O projeto da administração municipal prevê uma parceria com a iniciativa privada para implantar em Maringá uma usina para queimar o lixo. Além dos perigos ao meio ambiente, a ideia tem recebido críticas por parte de ambientalistas, autoridades e da população.

O vereador Humberto Henrique (PT) denuncia que o projeto apresentado pela Prefeitura prevê também a queima de lixo reciclável e critica a falta de assistência do Poder Público para as cooperativas de materiais recicláveis.

O Fórum Intermunicipal Lixo e Cidadania pediu que a proposta de incineração dos resíduos sólidos urbanos fosse excluída do Plano de Saneamento Básico apresentado em audiência pública na semana passada. A Prefeitura se negou a colocar o pedido em votação.

O assunto ainda deve continuar gerar discussões na cidade. A construção da usina depende de autorizações da Câmara de Vereadores, de vários órgãos ambientais e de aprovação da população em audiências públicas.


Gelinton Batista / Assessoria de Imprensa